sábado, 20 de junho de 2009
O médico e o presidente
:: Feliz. É bom comparar passado e presente. ::
Fui ao médico homeopata hoje. E agora, sinto-me história.
Profunda e hermética, às vezes. Rasa e mineira, quase sempre. A questão é que hoje sou história. Sempre fui, eu acho. Uma história que poderia ser escrita com cheiros, músicas, imagens e lágrimas.
Nesse momento, sou o umbigo do mundo de mim mesma. Aquele umbigo que meu amigo mestre da fuga apelidou de a marca do "está pronto". Mas eu não estou pronta. E, por isso, sou o umbigo mais mentiroso que já existiu. Afinal, sou história. Imortal, transformadora e arquejante. As minhas certezas do dia são as dúvidas da noite. O sonho questiona a vigília. Sou história.
Tancredo também é história e, posso garantir, enquanto fofocava com o mordomo - minha posse é coisa certa! - foi possuído pelos braços da morte. Sua glória, talvez. Sou Tancredo, então. Quando quero abandonar e em seguida amo a companhia dos cachos. Quando quero fugir e logo depois crio uma lista precisa das ações necessárias para ficar. Sou Tancredo. Deslizo pelas vicissitudes, balanço nas várias direções do mar. Sinto-me páginas, mais do que nunca.
Bem, acho que vou fazer meu floral na farmácia mais próxima.
Gaveta de lágrimas
:: Direto do estranho ano de 2005. Enfim, o tempo passou. ::
Quando tudo parece irreal, e o meu lugar foge de casa, eu liberto algumas lágrimas velhas que insistem em se internar no meu corpo-hospício. Digo a elas que estão curadas, pois longe dos meus olhos o sal vira sanidade e distante do meu rosto a água vira santidade. Eu grito: líquido ancião, evapore! E já nesse momento, sinto a corrosão da inveja. Sonho com o calor que me faria evaporar, mas continuo louca e concreta, esperando o real me engolir. Dentro de mim, o lago de dores inefáveis vai se acalmando em absurdos para que tudo pareça normal. E o meu lugar, enfim, me pede perdão. Até a próxima fuga.
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