sábado, 28 de fevereiro de 2009

A equilibrista


Num é pussive que uma coisa assim
Se acunteça pra mais de cem veis
Sem que na cabeça dura duma equilibrista
Num entre um quezinho siqué de equilibrismo


Se a arteira sabe inté amestrá corda pindurada no céu
Que santo num vai ajudá a coitadinha a amestrá gênio ruim?
É bem certo que o tombo no circo é de ardência inferior
Modiquê as queda da vida rumam pra buraco mais fundo

(Daqueles que cabe toda a água de mar
Se ele existisse nessas banda seca de sal
E toda água de rio
Se ele vivesse nesses lado pobre de leito)

O mais danado é que a equilibrista
Não carece de comida boa ou cama quente
Muito lhe deu Nosso Senhor Seja Louvado
Mas a amargura dos homi só adoça com maidemil quilo de açúcar

Lá no alto do trapézio, diz ela, nem vóis, nem palma
Nem pedido, nem amô pode chegá
Se é assim, é só a disubidiente esticá as mão
E pedi auxílio do Divino
Inveis de fechá os óio pra se espiá a si própria mais de perto
E perdê toda a beleza que pipoca na lona cheia de cô


Casa nova


Nos meus porões, eu guardo
O caminho que me distancia de Ti
Sob meus pés, porém, eu revelo
Pesadas pedras que tiro do peito
Delas faço trilha, berço - e me embalo
Sentindo Seu toque sobre as pálpebras
Então, diante de mim, eu Te vejo
Mesmo que as minhas feridas
Ainda me ceguem um pouco
Por isso, peço, Senhor


Limpe comigo o quarto escuro
Faça de mim arquiteto do seu amor
Ajude-me a perceber nova chama
Sopre para longe a poeira e o temor

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Partida inerte


Quando entrei naquela casa
Cercada de terra fértil por todos os lados
Evaporei a ilha que há muito
Se escondia em mim
E tive vontade de abraçar
- um corpo qualquer, um tronco vivo -
Sendo tímida em demasia, porém
Engoli o quase-toque
Fui embora
Vi-me sozinha novamente
Pronta para lançar-me ao mar


Meu refúgio tão turbulento


Sim
Eu mesma outra vez