sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Poesia negada


Que mundo há por entre veios e veias?
O que se esconde atrás da velha muralha?
Perguntas infinitas rondam as águas da alma
Tentam, desmedidas, buscar a realidade
Mas ela já não existe, nem mesmo sob a terra
A verdade vestiu-se com o negro pano da mentira
No breu, não pode se ver, não obstante as mil pupilas
Quem a possuía, carrega agora apenas o teatro
A imitação do que se espera ser e não é
A putrefação dos sufocados minutos
A aniquilação das esmagadas lágrimas
A proibição das temidas vontades
E um sorriso roto em lábios amarelos
Pobre de quem não suporta a nau concreta
Mergulhando em rios com submarinos obtusos
Pobre de quem não se assume poeta
E vive metamorfoseando palavras
Apenas para que elas não tenham o poder
De construir doloridas e realistas rimas

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