sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Guardanapos voadores


Estranho receber os momentos do dia em que me sinto partida. São como presentes repetidos, pais adotivos de sorrisos amarelos. Certas imagens me batem como martelo, me pregam no tempo. Eu me fixo em pontos coloridos, que expressam meu pensamento mais remoto, mais prosaico, mais desinteressante. E quando os pontos se unem, em um ato de salvação para mim mesma, descubro a dor de não saber esquecer e resolvo criar desejos profícuos. Não quero agora estar partida - decido. Reúna-me, vento que suspirou há pouco. Obrigada. Nada pode me fazer sangrar de fato. Tenho a verdade no peito, guardada como um guardanapo usado, sujo de batom de mãe. E se a verdade aqui está, a mentira não me machuca. Não posso mais fingir pra mim mesma. Não há nada. Tudo está calmo. O idílio e a tragédia plasmada se foram. Carrego agora a atualidade, que me leva a crer que sou feliz. Realmente sou. Estou. Trago a palavra comigo, em todos os seus sentidos. E as palavras, para mim, são presentes caros. Únicos. Não se repetem.

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